sexta-feira, 16 de outubro de 2020

Visão Geral sobre a Coligação de Israel


Neste artigo tentarei resumir a doutrina e os eventos da Coligação de Israel. Relacionarei escrituras e discursos das Autoridades Gerais da Igreja abaixo, e recomendo o estudo de todos. 

A doutrina da Coligação

Somos filhos de Deus. Fomos enviados a essa Terra para sermos provados - e discutiremos isso mais profundamente num futuro artigo. Ao nascermos, passamos pelo véu do esquecimento e as lembranças de nossa vida e família pré-mortal são bloqueadas. Isso é essencial para passarmos pelas provações e vivermos pela fé. 

Alguns puderam penetrar o véu e aprender sobre nossa vida anterior. O Senhor revelou aos profetas coisas sagradas, e temos seus ensinamentos nas escrituras. Lá aprendemos que algumas pessoas foram designadas a nascer em determinada época e lugar. é doutrina da Igreja que em virtude da fé e obediência na vida pré-mortal, milhares de filhos e filhas de Deus foram preordenados a ser membros da casa de Israel na mortalidade (ou seja, fazer parte do povo do convênio). Esta preordenação implica em nobreza, bem como numa grande responsabilidade [1]. Esses eleitos sob o convênio, são comissionados a ser o "sal da terra" (Mateus 5:13) e a "luz do mundo" (Mateus 5:14), e devem para levar a plenitude do Evangelho de Jesus Cristo a toda nação, tribo, língua e povo" (D&C 77:8). 

Assim, Deus, apesar de estarmos afastados física e espiritualmente Dele, não nos deixou desamparados e seu maior objetivo é reunir-se conosco e conceder-nos vida eterna. Ele preparou um plano, o Plano de Salvação, que permite que sejamos reunidos a sua família eterna.

O que significa a palavra "coligação"?

A palavra "coligação" (do latim "coalitio"). O prefixo "co" tem o sentido de voltar, tornar, reunir. Coligar (do latim "colligo", -are) quer dizer ligar juntamente; prender, atar; restringir, conter, impedir a vasão. Coligar é associar-se, aliar-se para determinado fim.

E já que "coligar" é a ação ou efeito de aliar, de se conectar, de se juntar, de se congregar, de se reunir, de se aglutinar e de se religar, podemos relacionar tal significado com "religião".

"Religião" (do latim "religio") se relaciona intimamente com a palavra "coligação", pois significa unir novamente, conectar. "re" indica intensidade; "ligare" amarrar, prender, conectar; "ão" indica ação ou efeito. Portanto religião é ação ou efeito de se conectar. No caso, conectar com Deus. E esse é precisamente o propósito da coligação.

As dispersões do povo do Senhor antes de Abraão

De fato, para que possamos ser novamente reunidos em Deus, nos tornamos um com Ele, precisamos de religião. Essa foi uma das primeiras coisas que Adão e Eva aprenderam, como estudaremos no futuro. O sacerdócio foi concedido, leis e ordenanças foram ministrados a nosso primeiros pais na mortalidade, e o evangelho (que é o Plano de Salvação) foi amplamente ensinado.

Entretanto, "os homens amaram mais as trevas do que a luz". Eles afastaram-se dos convênios de Deus. Caim, um dos filhos de Adão, cometeu um pecado imperdoável e afastou-se da presença do Senhor para sempre. Outros homens e mulheres também se afastaram nos convênios. Afastar-se dos convênios significa ser afastado de Deus, estar longe, disperso e desligado das bênçãos da Vida Eterna. 

O arrependimento foi pregado, mas nem todos desejaram ouvir os profetas e se arrependerem. Enoque obteve muito sucesso após anos de pregação e coligou os justos na cidade de Sião. 

"E o Senhor chamou seu povo Sião, porque eram unos de coração e vontade e viviam em retidão; e não havia pobres entre eles." (Moisés 7:18)

As bênçãos da coligação no tempo de Enoque geraram uma sociedade livre, justa e reta. Ele foram arrebatados para o céus (Moisés 7:23). Entretanto, a vontade de Deus é salvar todos os seus filhos. Numa das passagens mais belas das escrituras, Enoque viu que, apesar de Deus ter salvo Sião, Ele chorava por não ter todos os seus filhos junto de si. Então, o profeta pergunta a Deus:

"Como é que podes chorar, sendo que és santo e de toda eternidade para toda eternidade?

E se fosse possível ao homem contar as partículas da Terra, sim, de milhões de terras como esta, não seria sequer o princípio do número de tuas criações; e tuas cortinas ainda estão estiradas; e, contudo, estás ali e teu seio está ali; e também és justo; tu és misericordioso e bondoso para sempre;

E tomaste Sião para teu próprio seio, de todas as tuas criações, de toda eternidade para toda eternidade; e nada a não ser paz, justiça e verdade é a habitação de teu trono; e a misericórdia irá adiante de tua face e não terá fim; como é que podes chorar?

O Senhor disse a Enoque: Olha estes teus irmãos; eles são a obra de minhas próprias mãos e eu dei-lhes seu conhecimento no dia em que os criei; e no Jardim do Éden dei ao homem seu arbítrio;

E a teus irmãos disse eu e também dei mandamento que se amassem uns aos outros e que escolhessem a mim, seu Pai; mas eis que eles não têm afeição e odeiam seu próprio sangue.

(...)

Mas eis que seus pecados cairão sobre a cabeça de seus pais; Satanás será seu pai e angústia, seu destino; e todo o céu chorará sobre eles, sim, toda a obra de minhas mãos; portanto, não deverão os céus chorar, vendo que eles sofrerão?" (Moisés 7:29-37)

Deus prometeu a Enoque, entretanto, que enviaria o Messias para salvar todos os que se arrependessem, e no futuro, um povo justo construiria uma nova Sião, para coligar todos os eleitos de Deus:

"E retidão enviarei dos céus; e verdade farei brotar da terra para prestar testemunho do meu Unigênito; de sua ressurreição dentre os mortos; sim, e também da ressurreição de todos os homens; e retidão e verdade farei varrerem a Terra, como um dilúvio, a fim de reunir meus eleitos dos quatro cantos da Terra em um lugar que prepararei, uma Cidade Santa, para que meu povo cinja os lombos e anseie pelo tempo da minha vinda; pois ali estará meu tabernáculo e chamar-se-á Sião, uma Nova Jerusalém." (Moisés 7:62)

Devido a tamanha iniquidade Deus enviou o Dilúvio. E apenas Noé e sua família sobreviveram. Essa nova dispensação pretendia recomeçar a humanidade e mais uma vez leis e ordenanças foram apresentados para que os homens fossem coligados em Cristo. Entretanto, alguns dos descendentes de Noé começaram a pecar e se desviar do evangelho da retidão. 

Vemos um exemplo disso na historia da Torre de Babel. Procurando a salvação de uma maneira diferente da estabelecida por Deus, as pessoas pecaram e foram amaldiçoadas. Parte da maldição está descrita em Gênesis 11:8:

"Assim, o Senhor os espalhou dali sobre a face de toda a terra; e cessaram de edificar a cidade."

Essa foi a primeira grande dispersão generalizada nesta Terra.  A história dos jareditas no Livro de Mórmon (contada no livro de Éter), demostra como realmente o Senhor espalhou seus filhos "sobre a face de toda terra": 

"33 E esse Jarede saiu com seu irmão e suas famílias, com alguns outros e suas famílias, da grande torre, na época em que o Senhor confundiu a língua do povo e jurou, em sua ira, que eles seriam dispersos por toda a face da Terra; e de acordo com a palavra do Senhor, o povo foi disperso." (Éter 1:33)

Abraão e o convênio

Os estudiosos acreditam que um dos filhos de Nóe, Sem, é a mesma pessoa que Melquisedeque. Se for assim, Sem foi contemporâneo de Abrão. Abrão nasceu em 2000 a.C.

Abrão teve mais tarde o seu nome mudado para Abraão, e é conhecido como o "pai da fé", exatamente porque é um personagem crucial para as três maiores religiões monoteístas - judaísmo, islamismo e cristianismo. Teremos oportunidade de nos aprofundar na historia de Abraão, mas nesta visão geral sobre a coligação ele necessariamente precisa ser mencionado, e com destaque.

Abrão era um rapaz justo, com desejos puros - mas cuja família se desviara do evangelho. E se não fosse por um milagre, ele teria sido oferecido a deuses falsos por seus pais apóstatas. 

Nesta ocasião Deus disse a Abrão:

"Sai da tua terra, e da tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei.

E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome; e tu serás uma bênção.

E abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra." (Gênesis 12:1-3)

Abrão mudou-se para Canaã e junto com sua esposa Sarai começou sua vida. Enquanto estava em Canaã o Senhor lhe prometeu dar aquela terra (Abraão 2:19). Isso foi a continuação das promessas de Deus a Abrão.
 
Abrão foi ao Egito, e depois de enriquecer, foi habitar em Canaã (Gênesis 13:12). Vamos ter a oportundiade de estudar os mapas do mundo antigo e entender a jornada de Abrão posteriormente. Por enquanto, é preciso dizer que Abrão continuou a ser justo. Em certa ocasião ele foi até Melquisedeque, rei de Salém, e pagou dízimo de tudo o que possuía (Gênesis 14:20). Nesta ocasião Abraão também foi abençoado pelo Sumo Sacerdote, o profeta presidente, Melquisedeque - um homem tão reto e fiel, que o Santo sacerdócio de Deus, passou a ser chamado por seu nome.

Abrão recebeu a plenitude do sacerdócio de Melquisedeque (D&C 84:14). Quando Abraão tinha cerca de 90 anos, o Senhor lhe apareceu e lhe ordenou andar em Sua presença e ser perfeito (Gênesis 17:1). E nesta mesma ocasião Deus disse:

"E porei o meu convênio entre mim e ti, e te multiplicarei grandissimamente.

Então caiu Abrão sobre o seu rosto, e falou Deus com ele, dizendo:

Quanto a mim, eis que o meu convênio é contigo, e serás o pai de uma multidão de nações.

E não se chamará mais o teu nome Abrão, mas Abraão será o teu nome, porque por pai de uma multidão de nações te pus.

E te farei frutificar grandissimamente, e de ti farei nações, e reis sairão de ti.

E estabelecerei o meu convênio entre mim e ti e a tua semente depois de ti, em suas gerações, por convênio eterno, para te ser a ti por Deus, e à tua semente depois de ti.

E darei a ti, e à tua semente depois de ti, a terra de tuas peregrinações, toda a terra de Canaã em perpétua possessão, e serei o seu Deus.

Disse mais Deus a Abraão: Tu, porém, guardarás o meu convênio, tu e a tua semente depois de ti, nas suas gerações." (Gênesis 17:2-9)

Explicando sobre esse convênio, o Presidente Russell M. Nelson, disse:

"No passado, o Senhor abençoou o patriarca Abraão com a promessa de fazer de sua posteridade um povo escolhido. Existem referências a esse convênio espalhadas por todas as escrituras. Nelas estão incluídas a promessa de que o Filho de Deus viria pela linhagem de Abraão, de que certas terras seriam herdadas, de que as nações e povos da Terra seriam abençoados por meio de sua semente, além de outras. Embora alguns aspectos desse convênio já se tenham cumprido, o Livro de Mórmon ensina que o convênio Abraâmico só será cumprido nestes últimos dias! Também salienta que fazemos parte do povo do convênio do Senhor. Temos o privilégio de participar pessoalmente do cumprimento dessas promessas. Que época emocionante de se viver!"  ("A Coligação da Israel Dispersa", Conferência Geral outubro de 2006) 

Um convênio é um acordo entre duas partes. Essa contrato entre Deus e Abraão tem termos e condições. Se Abraão fosse obediente receberia bênçãos terrenas e eternas. Esse acordo passou a ser chamado de Convênio Abraâmico. As bênçãos seriam:

Uma terra prometida (Abraão 2:6,19; Gênesis 12:7; 17:8); Uma posteridade numerosa (Abraão 2:9–10; Gênesis 12:2–3; 17:2, 4–6); O evangelho de Jesus Cristo e o sacerdócio para Abraão e sua posteridade (Abraão 2:9–11; Gênesis 17:7); O reino celestial (D&C 88:17–20); Casamento eterno e progênie eterna (D&C 132:19–22); Exaltação e vida eterna (D&C 132:23–24).

Falando sobre o Convênio Abraâmico, o Élder Bruce R. McConkie explicou:

“Abraão primeiramente recebeu o evangelho através do batismo (que é o convênio da salvação); em seguida, recebeu o sacerdócio e entrou na sagrada ordem do casamento celestial (que é o convênio da exaltação), obtendo a certeza de que, desse modo, teria uma progênie eterna; e finalmente recebeu a promessa de que essas bênçãos seriam oferecidas a toda a sua posteridade. (Abraão 2:6–11; D&C 132:29–50) Entre as promessas feitas a ele, estava a garantia divina de que Cristo nasceria de sua linhagem e que a posteridade de Abraão obteria como herança eterna certas terras escolhidas. (Abraão 2; Gênesis 17; 22:15–18; Gálatas 3.)

“A reunião de todas essas promessas é chamada de convênio abraâmico. Esse convênio foi renovado com Isaque (Gênesis 24:60; 26:1–4, 24) e depois com Jacó. (Gênesis 28; 35:9–13; 48:3–4). As partes do convênio concernentes à exaltação pessoal e progênie eterna são renovados com cada membro da casa de Israel que entra na ordem do casamento celestial; por intermédio dessa ordem, os participantes tornam-se herdeiros de todas as bênçãos prometidas a Abraão, Isaque e Jacó. (D&C 132; Romanos 9:4; Gálatas 3; 4) [Mormon Doctrine (Doutrina Mórmon), p. 13].

 Assim, conforme ensinado acima, Deus renovou o convênio com o filho de Abraão, Isaque. E depois com Jacó.

A Casa de Israel e a dispersão

Casa de Israel é o povo de Israel, os descendentes de Jacó, neto de Abraão. Devido a simplicidade e clareza na explicação citarei agora um grande trecho do livro Princípios do Evangelho, que resume bem o que desejo transmitir:

"Jacó foi um grande profeta que viveu centenas de anos antes do tempo de Cristo. Por ter sido fiel, o Senhor deu-lhe o nome especial de Israel, que significa “aquele que prevalece com Deus” ou “que Deus prevaleça” (Bible Dictionary, “Israel”, p. 708). Jacó teve doze filhos. Esses filhos e suas respectivas famílias tornaram-se conhecidos como as doze tribos de Israel ou israelitas (ver Gênesis 49:28).

(...)

Deus prometeu que os israelitas seriam o Seu povo do convênio, desde que obedecessem aos Seus mandamentos (ver Deuteronômio 28:9–10). Eles seriam uma bênção a todas as nações do mundo, levando-lhes o evangelho e o sacerdócio (ver Abraão 2:9–11). Dessa forma, cumpririam sua parte do convênio com o Senhor e Este cumpriria a Sua." (Princípios do Evangelho, Capítulo 42: A Coligação da Casa de Israel)

(...)

Os profetas do Senhor preveniram muitas vezes a casa de Israel sobre o que aconteceria, se caísse em iniquidade. Moisés profetizou: “E o Senhor vos espalhará entre todos os povos, desde uma extremidade da terra até à outra” (Deuteronômio 28:64).

Apesar dessa advertência, os israelitas quebravam constantemente os mandamentos de Deus. Eles lutaram entre si e dividiram-se em dois reinos: O reino do norte, chamado de reino de Israel, e o reino do sul, chamado de reino de Judá. Dez das doze tribos de Israel viviam no reino do norte. Durante uma guerra, foram conquistadas por seus inimigos e levadas em cativeiro e, mais tarde, algumas fugiram para as terras do norte e tornaram-se perdidas para o restante do mundo.

Aproximadamente 100 anos após a captura do reino do norte, o reino do sul foi conquistado. A capital, Jerusalém, foi destruída em 586 a.C., e muitos integrantes das duas tribos remanescentes foram levados cativos. Tempos depois, alguns membros dessas tribos voltaram e reconstruíram Jerusalém. Pouco antes de Jerusalém ser destruída, Leí e sua família, que eram membros da casa de Israel, deixaram a cidade e se estabeleceram nas Américas.

Depois do tempo de Cristo, Jerusalém foi destruída novamente, dessa vez, pelos soldados romanos. Os judeus foram espalhados por boa parte da Terra. Atualmente, os israelitas estão em todos os países do mundo. Muitos deles não sabem que são descendentes da antiga casa de Israel."

É importante salientar que Jacó aprendeu sobre o Plano de Salvação e viu i futuro de sua posteridade. Ele deu bênçãos a cada um de seus filhos e previu a dispersão, ministério de Cristo e coligação final (Gênesis 49). Ele abençoou José, mais especificamente seu filho Efraim, para que liderasse a coligação final de sua descendência e abençoasse o mundo com o evangelho [2].

Quando o povo escolhido foi libertado de seu cativeiro no Egito, Moisés tentou conduzi-los as bênçãos do convênio mais elevado. Entretanto, eles pecaram. E continuaram se rebelando contra Deus, apesar de terem sido escolhidos. O Presidente Joseph Fielding Smith, explicou:

"Muitas são as razões para a escolha de uma determinada nação para receber o sacerdócio e ser favorecida pelos oráculos da verdade. Não deixa de ser razoável que o Senhor chamasse tal povo e lhe concedesse favores especiais, quando todo o resto da humanidade rejeitara a Sua palavra. Por esse convênio, reservou-se o Senhor o direito de mandar a este mundo uma linhagem escolhida de espíritos fiéis, dignos de favores especiais, baseado na obediência pré-mortal. Além disso, a escolha de uma raça singular e a concessão de convênios e obrigações peculiares, condições que outras nações não respeitariam, tiveram o efeito de segregar essa raça das outras. Se não tivessem sido dados convênios e normas de natureza especial a Israel, acompanhados do mandamento de não se misturarem com outros povos, Israel, como nação, teria desaparecido em poucos anos. Levou anos de treinamento por parte dos profetas para que o povo ficasse ciente de sua escolha singular. Tiveram, além disso, que sofrer pelas transgressões das leis e o desrespeito aos convênios, e foram açoitados e postos em servidão, antes que chegassem a ouvir a mensagem." (Smith, O Caminho da Perfeição, pp. 1 1 1-1 12.)

O Senhor permitiu a dispersão devido a iniquidade de Israel:

" Esta obra de dispersão se foi  efetuando através de muitas etapas e durante milhares de anos. Os antigos profetas a previram; e durante todas as gerações, até a época do Messias, e até mesmo nas que a seguiram imediatamente, outros profetas anteviram a dispersão do povo como resultado decretado de sua crescente iniquidade. (James E. Talmage, Regras de Fé, p. 289.) 

"Israel foi dispersa em virtude da apostasia, porque violou os Dez Mandamentos; porque rejeitou os profetas e videntes e voltou-se para adivinhos que piam e murmuram; porque abandonou o convênio; porque deu ouvidos a falsos ministros e aderiu a falsas igrejas; porque deixou de ser um povo escolhido e um reino de sacerdotes. Quando ela se tornou como o mundo, o Senhor deixou que sofresse, e vivesse como o mundo era." (Bruce R. McConkie, The Millennial Messiah, p. 1 86.) 

A dispersão de Israel foi consequência da iniquidade. Entretanto, também serviu para abençoar as nações gentias que não eram diretamente descendentes de Abraão. O Presidente Joseph Fielding Smith explicou:

"Pela dispersão de Israel entre todas as nações, com o que o sangue de Israel foi espargido entre elas; assim as nações participam do fermento de justiça, desde que se arrependam, e têm direito às promessas feitas aos filhos de Abraão."  (Doutrinas de Salvação, vol. III, pp. 249-250.)

A Coligação nos últimos dias

O Senhor prometeu que após muito sofrimento coligaria Israel dos quatro cantos da Terra. O Élder James E. Talmage explicou:

"Os sofrimentos de Israel nada mais foram que o castigo necessário de um Pai aflito, mas amantíssimo, que por esses meios eficazes resolveu purificar Seus filhos das manchas do pecado ... Apesar de feridos pelos homens e de grande parte deles ter desaparecido do conhecimento do mundo, os israelitas não estão perdidos para seu Deus. Ele sabe onde os levou, e seu coração se inclina para eles com amor paternal; e certamente Ele os há de trazer no devido tempo, e pelos meios determinados, a uma posição de prosperidade e influência, como convém a Seu povo do convênio. Apesar de seus pecados e das tribulações que eles mesmos amontoavam sobre sua cabeça, o Senhor disse: "E, demais disto também, estando eles na terra dos seus inimigos, não os rejeitarei nem Me enfadarei deles, para consumi-los e invalidar o Meu conserto com eles, porque Eu sou o Senhor seu Deus." Tão completa como foi a dispersão será a coligação de Israel." (Talmage, Regras de Fé, pp. 299-300.) 

A coligação de Israel nos últimos dias é o cumprimento de um convênio que Jeová fez com os profetas do Velho Testamento (ver Isaías 11:12; Jeremias 31:10; Ezequiel 34:12; 1 Néfi 19:15–16; Abraão 2:9–11). Jesus Cristo repetiu essa promessa em 3 Néfi 20:12–13, 29 e nessa mesma ocasião afirmou que a promessa de que Israel seria coligada foi feita primeiramente com Abraão, como parte do convênio abraâmico (ver 2 Néfi 29:14; 3 Néfi 20:25; Abraão 2:9–11).

O Salvador ensinou em 3 Néfi 21:1–7 que o surgimento do Livro de Mórmon seria o sinal para todo o mundo de que o Senhor começara a coligar Israel e a cumprir os convênios feitos a Abraão, Isaque e Jacó (ver também 3 Néfi 29:1; Éter 4:17).

O Presidente Russell M. Nelson ensinou que

“O Livro de Mórmon é o ponto central dessa obra. Ele declara a doutrina da coligação. Faz as pessoas aprenderem a respeito de Jesus Cristo, a acreditarem em Seu evangelho e a filiarem-se a Sua Igreja. Na verdade, se não houvesse o Livro de Mórmon, a coligação prometida de Israel não aconteceria” (Conference Report, outubro de 2006, p. 84; ou “A Coligação da Israel Dispersa”, A Liahona, novembro de 2006, p. 79).

A coligação acontece quando um descendente de Abraão se une a Igreja ou Reino de Deus. Essa coligação também acontece quando uma pessoa que não é descendente de Abraão aceita o convênio e é adotada, através do batismo, a família de Abraão [3]. A noção e doutrina de adoção será também explorada mais a frente em nosso estudo, e é vital para o plano de Deus de abençoar "todas as nações da Terra" [4]:

"A pergunta frequentemente formulada: "Quem são os Filhos de Abraão?" é bem respondida à luz do evangelho revelado. Todos os que aceitam o plano que Deus instituiu para Seus filhos aqui na Terra, e que o vivem, são os filhos de Abraão. Os que rejeitam o evangelho, quer sejam os filhos dele na carne ou outras pessoas, não recebem as promessas feitas a Abraão e não são seus filhos." (John A. Widtsoe, Evidences and Reconciliations, p. 400.) 

O Presidente Spencer W. Kimball deixou claro como se unir a Israel e receber as bênçãos de Abraão:

"A coligação de Israel consiste em filiar-se à igreja verdadeira e em conhecer o Deus verdadeiro ... Qualquer pessoa, portanto, que aceitou o evangelho restaurado, e que agora busca adorar ao Senhor em seu próprio idioma junto com os santos nas nações onde vivem, cumpriu com a lei da coligação de Israel e tem direito a herdar todas as bênçãos prometidas aos santos nestes últimos dias." (Spencer W. Kimball, The Teachings of Spencer W. Kimball, pp. 438-439.) 

O Élder Bruce R. McConkie, do Quórum dos Doze Apóstolos, explicou que existe tanto o componente físico (uma coligação em um certo local geográfico) quanto o componente espiritual da coligação de Israel. Esse componente espiritual inclui fazer convênios com Deus e viver Seu evangelho.

“Por que Israel foi dispersa? (…) Foram dispersos porque se afastaram do Senhor, adoraram deuses falsos e seguiram o modo de vida das nações gentias. Foram dispersos porque renunciaram ao convênio abraâmico, menosprezaram as santas ordenanças e rejeitaram o Senhor Jeová, que é o Senhor Jesus do qual todos os profetas deram testemunho. Israel foi dispersa devido à apostasia. (…)

Sendo assim, no que consiste a coligação de Israel? A coligação de Israel consiste em acreditar, aceitar e viver de acordo com tudo o que o Senhor um dia ofereceu a Seu povo escolhido. Consiste em ter fé no Senhor Jesus Cristo, arrepender-se, ser batizado, receber o dom do Espírito Santo e guardar os mandamentos de Deus. Consiste em acreditar no evangelho, filiar-se à Igreja e entrar no reino. Consiste em receber o santo sacerdócio, ser investido de poder do alto em lugares santos e receber todas as bênçãos de Abraão, Isaque e Jacó, por meio da ordenança do casamento celestial. Também pode consistir na coligação em determinada terra ou lugar para adoração” (A New Witness for the Articles of Faith [Uma Nova Testemunha para as Regras de Fé], 1985, p. 515; ver também O Livro de Mórmon Manual do Aluno, 2009, pp. 70–71).

A restauração do Evangelho, por meio do Profeta Joseph Smith permitiu que chaves, poderes, dons viessem a Terra novamente. Elias, Elias, o profeta, Moisés e muitos outros vieram a Terra e restauraram tudo que era necessário para coligar Israel, dos dois lados do véu - pois os mortos também terão oportunidade de salvação, como comentaremos durante nosso estudo nos próximos meses. 

O presidente Russell M. Nelson, ensinou:

“Quando falamos sobre coligação estamos simplesmente nos referindo a esta verdade fundamental: todos os filhos do Pai Celestial nos dois lados do véu merecem ouvir a mensagem do Evangelho de Jesus Cristo.”

Assim, o trabalho da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias é coligar Israel. É por isso que temos missionários, o Livro de Mórmon, Templos, sacerdócio, escrituras, etc. O trabalho de coligação está acontecendo agora mesmo. E é essencial que aconteça antes da Segunda Vinda de Jesus Cristo.

Conclusão

Muitos os temas abordados aqui serão revisitados com mais profundidade durante nosso estudo. O que desejei fazer é dar uma abrangente ilustração sobre a dispersão e coligação. Vivemos nos dias em que a obra de coligação está em andamento. Nosso profeta, o presidente Russell M. Nelson, disse que essa é a obra mais importante acontecendo na Terra hoje:

"A coligação é o maior desafio, a maior causa e o maior trabalho que está sendo realizado na Terra". (“A participação das irmãs na coligação de Israel”, presidente Russell M. Nelson, Liahona, novembro de 2018, p. 68)

Ele também ensinou:

“Sempre que vocês fazem alguma coisa para ajudar alguém — nos dois lados do véu — a fazer os convênios fundamentais com Deus e receber as ordenanças essenciais de batismo e do templo, vocês estão ajudando na coligação de Israel. É simples assim” (Russell M. Nelson, “Juventude da promessa”, devocional mundial para jovens, 3 de junho de 2018, em broadcasts.LDS.org).

Neste próximos meses que estudarmos a Coligação que sejamos inspirados pelo céu a aprender nosso papel e também a agir para coligar os filhos de Deus.

Vídeo:




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NOTAS

[1] Os nascidos na linhagem de Jacó; que mais tarde passaria a chamar-se Israel, e de sua posteridade, que eram conhecidos como filhos de Israel, pertencem à mais ilustre linhagem de todos os que surgiram na Terra como seres mortais. Todas essas recompensas foram aparentemente prometidas, ou seja, preordenadas, antes da existência do mundo. Essas questões, sem dúvida, foram determinadas pelo tipo de vida naquele mundo pré-mortal. Alguns talvez questionem essas suposições, mas ao mesmo tempo hão de aceitar, sem dúvida, a crença de que cada um de nós será julgado segundo nossos feitos aqui na mortalidade, depois de deixar esta vida. Então seria igualmente razoável admitir que aquilo que recebemos nesta vida terrena foi dado a cada um de nós de acordo com os méritos alcançados antes de virmos para cá?" (Harold B. Lee, "Compreender Quem Somos Traz Respeito Próprio", A Liahona, junho de 1974, p. 37 ) 

"A semente de Abraão na mortalidade, em virtude de um longo período de preparação e devoção quando habitavam como espíritos na presença de seu Pai Celestial, ganhou o "direito" ao evangelho e ao sacerdócio e a uma eventual herança de vida eterna. (Abraão 2: 1 0-12.) Em outras palavras, eles foram ordenados a ser filhos do pai dos fiéis e a realizar as obras de justiça como fez o justo Abraão. Embora o evangelho seja destinado a todos os homens, no devido tempo - "Pois, na verdade, a voz do Senhor Se dirige a todos os homens, e ninguém há de escapar, e não há olho que não verá, nem ouvido que não ouvirá, nem coração que não será penetrado" (D&C 1 :2) - alguns têm o direito de recebê-lo antes que seja apresentado a outros. O Senhor envia a Sua palavra de maneira prioritária. Ela eventualmente será pregada a toda a humanidade, mas alguns têm o privilégio de ouvir a Sua voz antes de outros." (Bruce R. McConkie, The Promised Messiah, p. 507. )

"Todo homem que recebe o chamado para exercer seu ministério a favor dos habitantes do mundo, foi ordenado precisamente para esse propósito no grande conselho dos céus, antes que este mundo existisse." (Joseph Smith, Ensinamentos do Profeta Joseph Smith, p 357.) 


[2] O Presidente Joseph Fielding Smith explicou que Efraim se tornou o filho primogênito de José:

“É sabido pelos santos dos últimos dias que o direito de primogenitura foi colocado sobre a cabeça de José, por revelação divina. José era o filho mais velho de Raquel e (…) o mais digno dos filhos de Jacó. (…)

Entretanto, por motivos que não entendemos, pela brevidade do relato desses acontecimentos essa autoridade foi transmitida pela linhagem do segundo filho de José, Efraim. Foi Efraim o chamado a ocupar a posição de seu pai, e é mencionado nas escrituras como o primogênito de Israel” (Doutrinas de Salvação, comp. Bruce R. McConkie, 3 vols., 1954–1956, vol. III, p. 164).

“Tribo de Efraim: recebeu a primogenitura de Israel (I Crôn. 5:1–2; Jer. 31:9). Nos últimos dias essa tribo tem o privilégio e a responsabilidade de portar o sacerdócio, levar ao mundo a mensagem do evangelho restaurado e levantar um estandarte a fim de reunir a Israel dispersa (Deuteronômio 33:13–17; D&C 64:36; D&C 133: 26–34)” (Guia para Estudo das Escrituras, “Efraim”).



[3] "Esse primeiro Consolador ou Espírito Santo não tem outro efeito senão o da inteligência pura. Ele tem maior poder para alargar a mente, iluminar o entendimento e encher o intelecto de um homem que seja da posteridade literal de Abraão, do que do gentio, embora o efeito visível no corpo não seja notável; porque, ao descer o Espírito Santo sobre o que é descendente literal de Abraão, seguem-se calma e serenidade, e toda a sua alma e corpo sentem tão somente o espírito puro da inteligência, enquanto o efeito do Espírito Santo num gentio é retirar-lhe o sangue velho e convertê-lo efetivamente em descendente de Abraão. O homem que não tem naturalmente o sangue de Abraão, deve receber uma nova criação do Espírito Santo. Em tal caso, poderá haver um efeito mais potente no corpo, e visível ao
olho, do que em um israelita, embora o israelita, a princípio, talvez, vá muito adiante do gentio quanto à inteligência pura. " (Smith, Ensinamentos, p. 1 45.)

[4] "Será necessário sermos da casa de Israel, para aceitarmos o evangelho e todas as bênçãos a este pertinentes? Se assim for, como nos tomamos da casa de Israel: por adoção ou linhagem direta? Toda pessoa que abraça o evangelho passa a ser da casa de Israel. Em outras palavras, toma-se membro da linhagem escolhida ou filho de Abraão através de Isaque e Jacó, aos quais foram feitas as promessas. A grande maioria dos que se tomam membros da Igreja são descendentes literais de Abraão, através de Efraim, filho de José. Aqueles que não são descendentes literais de Abraão e Israel têm que passar a sê-lo; ao serem batizados e confirmados, eles são enxertados na árvore, outorgando-se-lhes todos os direitos e privilégios de herdeiros." (Smith, Doutrinas de Salvação, vol. III, p. 249.) 


quarta-feira, 14 de outubro de 2020

Introdução ao Estudo da Coligação de Israel


Ao começarmos o nosso estudo sobre a Coligação de Israel é preciso entendermos alguns conceitos-chave sobre a fé em Deus, o Pai e Jesus Cristo e sobre a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. 

Primeiro conceito-chave: Deus, o Pai.

A primeiro grande fundamento de nossa fé, e o conhecimento mais importante que alguém pode obter, é de que existe um Deus Todo-Poderoso nos céus, que é nosso Pai Celestial amado. Somos filhos de Deus. Esse fundamento básico e vital, infelizmente é pouco compreendido ou é compreendido de forma insuficiente e errônea. O profeta Joseph Smith disse:

"Há muito poucos seres no mundo que compreendem corretamente o caráter de Deus. A grande maioria da humanidade não compreende nada, seja do passado ou do futuro, no tocante a seu relacionamento com Deus. Não conhecem tampouco compreendem a natureza desse relacionamento; e consequentemente sabem pouco mais do que um animal irracional, pouco além de comer, beber e dormir. Isso é tudo que o homem conhece a respeito de Deus ou Sua existência, a menos que lhe seja dado por inspiração do Todo-Poderoso."

Felizmente podemos recorrer a essa "inspiração do Todo-Poderoso" que nos vem através da luz que ilumina todo homem, conhecida como Luz da vida ou Luz de Cristo. Através desta luz temos o desejo natural de buscar a verdade e a capacidade de reconhecê-la. Além dessa influencia divina, temos a oportundiade de ter profetas, mensageiros angelicais, escrituras - e, é claro, o Espírito Santo, que pode nos ensinar a verdade de todas as coisas. O Espírito Santo especialmente tem a missão de testificar sobre o Pai Celestial e sobre Jesus Cristo.

Aprender sobre Deus, o Pai, é crucial para aprendermos sobre a Coligação de Israel, pois depois de tudo o que foi e será dito, o maior desejo do Senhor é se reunir conosco para eternidade, coligar-se a nós como família eterna. Cristo e o Pai desejam que sejamos um com eles - e esse é o derradeiro significado da Coligação de Israel: unir-nos a Deus de modo completo e perfeito, recebendo tudo o que Ele tem e nos tornando como Ele. 

Joseph Smith também ensinou:

"“Um convênio eterno foi feito entre três personagens antes da organização desta Terra e ele se relaciona à sua dispensação das coisas para os homens na Terra. Esses personagens (…) são chamados Deus, o primeiro, o Criador; Deus, o segundo, o Redentor; e Deus, o terceiro, a Testemunha ou o Testificador.”

“O encargo do Pai é presidir como Chefe ou Presidente, Jesus como o Mediador e o Espírito Santo como Testificador ou Testemunha. O Filho [tem] um tabernáculo e o Pai também; mas o Espírito Santo é um ser de espírito sem tabernáculo.

A compreensão sobre a divina Trindade, e seu papel para com os homens é um conceito-chave para compreender apropriadamente a dispersão e coligação de Israel. 


Segundo conceito-chave: Jesus Cristo, o Salvador

O Senhor Jesus Cristo é Salvador e Redentor. Conforme o Profeta Joseph Smith ensinou:

"O mundo não poderia receber a salvação sem a mediação de Jesus Cristo"

O sacrifício de Jesus Cristo, chamado de Expiação, consiste no ponto central de todo plano de salvação. Cristo foi escolhido antes de nascer como nosso Redentor e Salvador. Ele criou a Terra sob a direção do Pai. Ele guiou os profetas do passado, que ensinaram sobre Ele, profetizaram sobre Sua missão, e morreram com a esperança de que o Salvador viria. Símbolos foram instituídos para representar o grande e último sacrifício, como o sacrifício de animais.

Jesus veio, ensinou, curou, estabeleceu uma Igreja e realizou a tão aguardada Expiação. Esse sacrífico tinha o propósito de nos restituir a presença de Deus, conceder-nos vida após a morte com um corpo ressurreto e possibilitar o perdão por meio do sincero arrependimento.

Joseph Smith ensinou:

"Os princípios fundamentais de nossa religião são o testemunho dos Apóstolos e Profetas a respeito de Jesus Cristo, que Ele morreu, foi sepultado, ressuscitou no terceiro dia e ascendeu ao céu; todas as outras coisas de nossa religião são meros apêndices disso. Mas com relação a essas coisas, cremos no dom do Espírito Santo, no poder da fé, no recebimento de dons espirituais de acordo com a vontade de Deus, na restauração da casa de Israel e no triunfo final da verdade."

Foi Jesus Cristo, com seu nome pré-mortal, Jeová, que fez convênio com Abraão, Isaque e Jacó. Ele é o Deus de Israel. Ele dispersou Seu povo e o está reunindo agora. Ele é o Cabeça da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. 


Terceiro conceito-chave: O Espírito Santo, o testificador

Na Trindade temos Deus, o Pai, Jesus Cristo e o Espírito Santo. O Espírito Santo tem um papel fundamental na Coligação de Israel. De fato, é Ele que pode nos apontar a verdade de todas as coisas. Ele é que pode nos guiar aos convênios. É o Espírito que nos justifica. Esse Espírito e o Sangue do Cordeiro são os dois fatores que completam o novo nascimento. Somos santificados, e nos tornamos novas criaturas. O Santo Espírito da Promessa pode selar e confirmar cada ordenança e ato para não apenas nos integrar a Israel, mas para nos levar a presença de Deus em glória.

O Espírito Santo pode se comunicar com todas as pessoas. Mas o privilégio de sua companhia constante é dedicado apenas aos membros da Igreja, que se batizam e recebem o dom do Espírito Santo. Esse dom é um traço marcante na Igreja. Em dezembro de 1839, enquanto estava em Washington D. C. para pedir reparação pelos males infligidos aos santos do Missouri, Joseph Smith e Elias Higbee escreveram o seguinte para Hyrum Smith (irmão do profeta):

“Em nossa entrevista com o Presidente [dos Estados Unidos], ele nos perguntou em que nossa religião diferia das outras religiões de nossos dias. O irmão Joseph disse que diferíamos no modo do batismo e do dom do Espírito Santo pela imposição de mãos. Achamos que todas as outras considerações estão contidas no dom do Espírito Santo”

Precisamos do Espírito Santo para entender as escrituras conforme foram escritas, pois elas foram inspiradas pelos céus. Sem tal dom não conseguimos compreender Israel e suas bênçãos, e nem nosso papel no Plano de Deus. O Profeta ensinou:

"Cremos que os homens santos do passado falaram quando inspirados pelo Espírito Santo e que os homens santos de hoje falam pelo mesmo princípio; cremos que Ele é um consolador e uma testemunha, que Ele traz coisas do passado à nossa lembrança, conduz-nos a toda verdade e mostra-nos coisas que irão acontecer; cremos que ‘ninguém pode dizer que Jesus é o Senhor, senão pelo Espírito Santo’. [Ver I Coríntios 12:3.] Cremos nele [nesse dom do Espírito Santo] em toda a sua plenitude, poder, grandiosidade e glória"

Durante o estudo que teremos é essencial buscar e manter o Espírito. Em fevereiro de 1847, quase três anos depois do martírio do Profeta Joseph Smith, ele apareceu para o Presidente Brigham Young e deu-lhe uma mensagem. De tantas coisas que poderia dizer, Joseph disse:

“Diga aos irmãos que sejam humildes e fiéis e que se certifiquem de manter o Espírito do Senhor, que os conduzirá ao caminho correto. Sejam cuidadosos e não afastem a voz mansa e delicada; ela irá ensinar-lhes o que fazer e para onde ir; ela proporcionará os frutos do reino. (...) Diga aos irmãos que mantenham seu coração aberto à convicção, de modo que, quando o Espírito Santo vier, seu coração esteja pronto para recebê-Lo. Eles podem discernir o Espírito do Senhor de todos os outros espíritos; Ele irá sussurrar paz e alegria a sua alma; tirará toda a maldade, ódio, sofrimento e mal de seu coração; e desejará apenas fazer o bem, levar adiante a causa da retidão e edificar o reino de Deus. Diga aos irmãos que, se eles seguirem o espírito do Senhor, farão o que é certo”.


Quarto conceito-chave: O Evangelho de Salvação

O Evangelho de Jesus Cristo é o plano de salvação. Seu ponto Central é a Expiação de Cristo, como falamos acima. Joseph Smith disse:

“O grande plano de salvação é um tema que deveria ocupar nossa estrita atenção e ser considerado como uma das melhores dádivas do céu para a humanidade.”

O Plano de Salvação para os filhos de Deus significa deixar os céus e passar por um teste na mortalidade. Joseph ensinou:

"Viemos a este mundo com o objetivo de obter um corpo e poder apresentá-lo puro diante de Deus no reino celestial. O grande plano de felicidade consiste em ter um corpo. O diabo não tem corpo, e esse é seu castigo. Ele fica contente quando pode obter o tabernáculo de um homem e, quando foi expulso pelo Salvador, pediu para entrar numa manada de porcos, mostrando que preferia o corpo de um suíno a não ter corpo algum. Todos os seres com corpos possuem domínio sobre os que não os têm.” 

Satanás e seus seguidores tentam destruir-nos. Além da oposição provocada por eles, temos fraquezas e precisamos lidar com acidentes, catástrofes naturais, doenças, desafios de relacionamento, etc. A vida é um desafio, mas com a ajuda do Senhor podemos vencer o "homem natural" e apresentar-nos limpos diante de Deus.

O Evangelho é o convênio Abraamico. Esse convênio é que faz com que o povo de Deus seja distinto. Esse convênio inclui mandamentos - como o Dia do Senhor, o Dízimo, Jejum e muito mais.

Os profetas de todos os tempos ensinaram o evangelho - fé em Cristo, arrependimento, batismo, dom do Espírito Santo e perseverança até o fim. Muitos deles foram perseguidos e mortos por ensinar o evangelho. Entretanto, sem a vivencia dos princípios e ordenanças do evangelho não há salvação. Joseph escreveu:

"Cremos que, por meio da expiação de Cristo, toda a humanidade pode ser salva, por obediência às leis e ordenanças do Evangelho.

Cremos que os primeiros princípios e ordenanças do Evangelho são: (1) Fé no Senhor Jesus Cristo; (2) Arrependimento; (3) Batismo por imersão para remissão de pecados; (4) Imposição de mãos para o dom do Espírito Santo."

Vivemos na grande e última dispensação. Conforme ensinam nossa Regras de Fé: "Cremos em tudo o que Deus revelou, em tudo o que Ele revela agora e cremos que Ele ainda revelará muitas coisas grandiosas e importantes relativas ao Reino de Deus." De fato, nós "cremos na coligação literal de Israel e na restauração das Dez Tribos; que Sião será construída neste continente americano; que Cristo reinará pessoalmente na Terra; e que a Terra será renovada e receberá sua glória paradisíaca."

Joseph Smith disse:

"Esta é verdadeiramente a dispensação da plenitude dos tempos, quando todas as coisas que estão em Cristo Jesus, seja no céu ou na terra, serão reunidas Nele e quando todas as coisas serão restauradas.”

Conclusão

Usei neste texto de introdução propositalmente os ensinamentos o Profeta Joseph Smith. Eu poderia ter citado outros profetas ou poderia ter usado outras escrituras para realçar os mesmos pontos. Mas escolhi usar o profeta Joseph simplesmente porque ele é o homem que preside essa grande e últiam dispensação, que não terminará com uma apostasia, mas com o retorno triunfal de Jesus Cristo. 

Cito as palavras de Joseph, energéticas e vibrantes, que nos motivam a nos envolver no estudo e trabalho de Coligação. Ele disse:

"A obra da coligação mencionada nas escrituras será necessária para levar a efeito as glórias da última dispensação. (…)

Queridos irmãos, tendo o desejo de cumprir os propósitos de Deus, para cuja obra fomos chamados, e trabalhar com Ele nesta última dispensação, sentimos a necessidade de contar com a calorosa cooperação dos santos de todo este país e das ilhas do mar. Será necessário que os santos atendam ao conselho e voltem sua atenção para a Igreja e para o estabelecimento do Reino, deixando de lado todo princípio egoísta, tudo que seja baixo e vil; e defendam a causa da verdade e auxiliem com o máximo de sua capacidade aqueles a quem foram dados o padrão e o desígnio. (…)

Eis, então, amados irmãos, uma obra na qual podemos engajar-nos e que é digna de arcanjos — uma obra que suplantará todas as coisas que até agora foram realizadas; uma obra que reis, profetas e homens justos de eras anteriores buscaram, esperaram e sinceramente desejaram ver, mas morreram sem contemplar; e bem será para os que ajudarem a levar a efeito os poderosos empreendimentos de Jeová.”

“A edificação de Sião é uma causa que interessou o povo de Deus em todas as eras; é um tema sobre o qual profetas, sacerdotes e reis falaram com particular deleite; eles ansiaram com alegria pelo dia em que vivemos; e inspirados por esse anseio celestial e jubiloso, cantaram, escreveram e profetizaram sobre esta nossa época. Somos o povo favorecido que Deus escolheu para trazer à luz a glória dos últimos dias. Foi-nos dado o privilégio de ver, participar e ajudar a levar adiante a glória dos últimos dias, ‘a dispensação da plenitude dos tempos, na qual Deus tornará a congregar tanto as coisas que estão nos céus como as que estão na terra’ [ver Efésios 1:10], em que os santos de Deus serão coligados de todas as nações, tribos, línguas e povos, em que os judeus serão reunidos, e os iníquos também para serem destruídos, como foi dito pelos profetas; o Espírito de Deus também habitará com Seu povo e será retirado do restante das nações, e todas as coisas, tanto no céu como na Terra, serão congregadas, sim, em Cristo."


Todas as citações foram retiradas do Livro "Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Joseph Smith". 


Primeiro vídeo de estudo da coligação:






sexta-feira, 9 de outubro de 2020

Quer estudar a Coligação de Israel comigo?


Amigos fiquei tão animado após a Conferência Geral realizada no último dia 04 de Outubro de 2020. O Presidente Russell M. Nelson, Presidente da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, convidou todos a estudarem mais sobre as bênçãos da coligação de Israel. Ele disse:

"Ao estudarem as escrituras durante os próximos seis meses, incentivo-os a fazer uma lista de tudo o que o Senhor prometeu que faria pela Israel do convênio. Acho que ficarão surpresos. Reflitam sobre essas promessas. Conversem sobre elas em família e com os amigos. Depois vivam de acordo com elas e vejam como elas estão sendo cumpridas em sua vida." [1].

Como parte do esforço para cumprir essa designação do profeta, criei esse blog. Vou postar aqui meus estudos sobre a Coligação de Israel nos próximos seis meses - até a próxima Conferência Geral. Minha intenção e estudar os principais temas que envolvem a coligação, e também fazer a lista " de tudo o que o Senhor prometeu que faria pela Israel do convênio".

Esse estudo não substitui o seu estudo pessoal e familiar, mas visa ajudar de alguma maneira. Junto aos estudos que postarei aqui, terei vídeos no canal do YouTube Videira Verdadeira, no qual compartilharei o que tenho aprendido.

Toda semana pretendo ter um artigo e vídeo novo sobre o tema. Normalmente eles serão lançados  nas quarta-feiras de cada semana até a Conferência Geral de abril de 2021, que será realizada na primeira semana de abril.

Os temas dos estudos e vídeos são estes (a medida que eu for postando os conteúdos atualizarei os títulos com os links para o correspondente artigo e vídeo):
  1. Introdução ao Estudo (14 de outubro de 2020)
  2. Visão Geral (21 de outubro de 2020)
  3. Vida pré-mortal e a primeira dispersão (28 de outubro de 2020)
  4. Adão, Enoque e Noé - convênio de Deus com os patriarcas (04 de novembro de 2020)
  5. Abraão - resumo de sua vida (11 de novembro de 2020)
  6. O Convênio Abraâmico - promessas (18 de novembro de 2020)
  7. O Convênio Abraâmico - responsabilidades (25 de novembro de 2020)
  8. Isaque e Jacó (02 de dezembro de 2020)
  9. Os filhos de Jacó - as tribos de Israel - visão geral (02 de dezembro de 2020)
  10. Jesus Cristo - o centro da Coligação (09 de dezembro de 2020)
  11. As tribos de Israel: Rúben, Simeão, Levi e Judá (16 de dezembro de 2020)
  12. As tribos de Israel: Issacar, Zebulom, Dã, Naftáli, Gade e Aser (23 de dezembro de 2020)
  13. As tribos de Israel: José e Benjamim (30 de dezembro de 2020)
  14. O povo do Senhor - características e atributos dos israelitas (sinais, ritos, vestes, etc)
  15. A dispersão de Israel
  16. As dez tribos Perdidas
  17. O início da coligação de Israel
  18. O início da coligação do outro lado do véu
  19. A Restauração do evangelho e a coligação - Joseph Smith, efraimita
  20. A Restauração do evangelho e a coligação - O Livro de Mórmon
  21. A Restauração do evangelho e a coligação - as chaves restauradas
  22. A importância dos convênios e ordenanças
  23. A prometida coligação de Israel dispersa
  24. Bênçãos de se coligar a Israel - parte 1
  25. Bênçãos de se coligar a Israel - parte 2
Além disso, criei um grupo do whatsapp para o estudo em grupo. Você pode entrar no grupo do whatsapp clicando aqui.

Há também um grupo no Telegram. Clique aqui para entrar.

[1] "Permita que Deus prevaleça", Conferência Geral, outubro de 2020 - Veja o discurso do profeta aqui


A Tribo de Benjamim

  Introdução   Benjamim era o filho mais novo de Jacó, o segundo filho e Raquel - que morreu ao dar a luz - enquanto iam de Betel para Efrat...